Gail Trinner - ch 3: State, Money and Banking

Objetivo do capítulo: relacionar a política monetária com a consolidação da Republica. Mostra que o uso do sistema bancário advem dos esforços para equilibrar a tensão entre sustentar o crescimento economico e reduzir a vulnerabilidade da economia brasileira à choques externos (devida a alta exposição da economia no mercado internacional).
Usando a política monetária como mecanismo, o Tesouro construiu um sistema bancário de escopo nacional e deixando em segundo plano as demandas do setor privado.
O sistema bancário que emerge é bastante centralizado e concentrado dentro de uma instituição de alcançe nacional,o Banco do Brasil.
Apesar do sistema bancário servir ao setor privado, o componente público predominava em termos de alocação de recursos.
State Building and Central Banking
- O Estado tinha limitada capacidade para aumentar as receitas. Isso, implica que havia demandas que não poderiam ser atendidas. As tarifas de exportação e importação constituiam 1/5 a 2/3 do total arrecadado entre 1900 e 1930. Claramente, o Estado ficava vulnerável às flutuações da economia internacional. O Estado era fraco pois era incapaz de impor outros impostos ( O IR foi lançado em 1924 e em 1930 respondia por 3% da receita do governo federal). Portanto, dada a inabilidade de controlar as finanças, o Estado tomou emprestado para financiar o déficit orçamentário.
Havia diferentes interesses políticos cujas demandas não poderiam ser sancionadas pelo estado.A administração da distribuição de recursos permitia aos state builders acumular poder e riquesa, enquanto simultaneamente respondia aos requirementos dos seus grupos de interesses.

Autora argumenta que a política monetária tornou-se um meio de mediar interesses políticos distintos, sobretudo na impossibilidade de conciliar todos as demandas. O principal argumento do capítulo é que durante a primeira república, o Tesouro federal usou ativamente as ferramentas de admnistração financeira para administrar a precária situação economica enquanto mediava os interesses politicos. A política monetária mudava conforme a força do grupo de interesse (em geral evidenciadas nas trocas de governo), as necessidades dos estados e o contexto internacional.

1906-1914: Gold Standard

Reforma financeira coloca o Brasil no padrao ouro, com o tesouro determinando a quantidade de emissao de moeda.
Autora argumenta que o Estado era uma entidade única. Apesar da necessidade de acomodar diversos interesses, e cair no controle de diferentes governos, o Estado tinha interesses próprios para acomodar. Tais interesses incluiam pagar obrigações da dívida, estabelecer os parâmetros de governança e profissionalizar a burocracia.




Regime Monetário e Interest Groups

Os goals de pol monetária eram de controlar preços e admnistrar o serviço da dívida pública. Há duas dimensões do debate. A primeira dimensao era o valor do mil réis e a segunda era o tipo de regime monetário que governava o estado. A competição mais relevante era acerca da distribuição de recursos.

Interesses Economicos e Agentes Involvidos na determinação da Política Monetária

Política monetária ortodoxa era vista como o gold standard sobretudo porque limitava a capacidade do governo de emitir moeda e gastar. Para manter a taxa de cambio fixa, a autoridade monetária podia comprar ou vender moeda no mercado aberto ou operar atraves do redesconto dos bancos comerciais. A moeda doméstica flutuava conforme o volume de trocas externas. Ex: Déficit comercial é solucionado com uma venda de ouro (queda do ouro, queda da oferta de moeda). Logo, há aumento da taxa de juros que atrai capitais e portanto induz superávit na conta de capitais capaz de neutralizar o deficit comercial.

O padrão ouro sinalizava um commitment com a estabilidade que estimulava o investmento e emprestimos.

A estratégia alternativa era a do cambio flexivel. Quando a moeda nao é conversivel, o estado nao fixa a taxa de cambio. Na ausencia de taxas fixas, a moeda doméstica iria depreciar e iria emergir inflação (era o que em geral ocorria).

Fixed vs Flexible Exchange Rate

Flexible e especialmente cambio depreciado era a política preferida dos exportadores. Da mesma forma, os setores non-tradables nao gostavam da política.

Os interesses industriais eram divididos. A produção via import substituting beneficiou-se de cambio flexivel, desde que o cambio tivesse tendencia à depreciação pois isso aumentava o preço dos importados e funcionava como uma tarifa protecionista para a industria local.

Quando o mercado de capitais internacional estava fechado para o Brasil, os bancos se beneficiavam de taxas de cambio depreciadas porque eles podiam compensar o valor declinante de seus ativos em dolar via aumento das taxas nominais de juros. Autora afirma que a profundidade e tamanho do sistema bancário podia aumentar em tempos de taxas flexiveis.






Regime Monetário Preferencia em relação a taxa de câmbio
Apreciação Depreciação
Taxas fixas
(gold standard) estimulo ao
influxo de capitais Produtores domésticos
Consumidores
Commitment ambiguo Investidores
Estado Bancos
Taxas flutuantes (moeda nao conversivel) destimulo ao influxo de capitais Exportadores agrícolas
Import substituting prod.


Autora argumenta que apos 1906, o sistema bancário cresceu com políticas monetárias expansionistas.
1906-1913: gold standard

História Monetária e Política na Primeira Republica
No inicio da republica ha um grande influxo de capitais e o gold standard para ensure convertibilidade fixa do cambio tinha como objetivo sustentar a expansao cafeeira e a construção da capacidade industrial.

A reforma bancária e a a lei das sociedades anonimas em 1890 estimularam ainda mais o sistema. Encilhamento e crise financeira.

A economia passa por um grande ajuste entre 1896 e 1902.

Caixa de conversão: Para implantar o padrao ouro o governo central cria uma caixa de conversão para comprar ou vender mil-reis ao preço fixo de 15 pence/milreis. Essa era um cambio bastante depreciado que satisfazia os exportadores. De acordo com Trinner, a motivação principal para a implantação de tal sistema advem da necessidade do Tesouro em ter acesso ao mercado de capitais internacionais. O influxo de reservas, automaticamente aumentava a base monetária. No entanto, o limite estabelecido de compra era de 20 milhoes de libras (ou cerca de 40 milhoes de dolares) Quando chegasse este limite, a caixa de conversão deixaria de existir e o cambio seria flexível de novo.
O esquema funcionou bem ate 1912 quando explode a WW1. Há um imenso outflow de capitais devido a guerra, aumento do déficit e queda das exportações. Assim, as autoridades tiveram que suspender o gold standard em fins de 1913.

Em 1921, o Banco do Brasil cria a office de redesconto (para comprar notas do tesouro e commercial papers). A office de redesconto foi feita em sintonia com o novo programa de valorização do café. O setor cafeeiro recebeu a proteção de um price supported program. Quase todas as notas redicontadas com o Banco do Brasil tinham sido emitidas pelo tesouro ou eram notas para sustentar a valorização do café, ao invés da indústria e os demais setores. Em 1923, o novo presidente do Brasil fecha a office de redesconto e tenta reorganizar o Banco do Brasil. Novo problema de déficit e grande dívida leva Bernardes a assinar um novo programa deflacionário. A deflação monetária contribuiu para uma séria recessão e a contração do credito pelo setor bancário levou a grande recessão no sistema (entre 1923 e 1926).

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